ANÁLISE TOXICOLÓGICA DE CORANTES ALIMENTÍCIOS EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH): REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.
DOI:
https://doi.org/10.61164/5t1szj06Palavras-chave:
corantes alimentícios; toxicologia; TDAH; hiperatividade infantil; saúde pública.Resumo
A utilização de corantes alimentícios sintéticos tem sido amplamente difundida na indústria alimentícia moderna, com o objetivo de tornar os produtos mais atrativos ao consumidor. Entretanto, diversos estudos apontam que a exposição frequente a determinados corantes pode ocasionar efeitos adversos à saúde, especialmente em crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise toxicológica dos corantes alimentícios e discutir sua possível relação com o agravamento dos sintomas comportamentais e neurofisiológicos em crianças diagnosticadas com TDAH. Trata-se de uma revisão bibliográfica narrativa, elaborada a partir de artigos científicos, dissertações, teses e relatórios técnicos publicados entre os anos de 2014 e 2024, obtidos nas bases de dados SciELO, PubMed, LILACS e Google Acadêmico. A literatura recente aponta que compostos como a tartrazina (E102), amarelo crepúsculo (E110), vermelho 40 (E129) e azul brilhante (E133) estão entre os aditivos mais associados a reações adversas, incluindo hiperatividade, irritabilidade, alterações de sono e dificuldade de concentração. Os mecanismos de toxicidade sugerem a interferência desses compostos na neurotransmissão dopaminérgica e serotoninérgica, além de potenciais reações alérgicas e processos inflamatórios sistêmicos. Apesar das evidências, ainda há divergência científica sobre a intensidade dessa correlação, o que ressalta a necessidade de novas pesquisas controladas e de uma regulação mais rigorosa quanto ao uso de corantes em produtos destinados ao público infantil. Conclui-se que a vigilância sanitária e o incentivo à substituição por corantes naturais são medidas essenciais para reduzir os riscos toxicológicos e preservar a saúde neurocomportamental das crianças com TDAH.
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